Só metade dos municípios goianos instalou gabinetes contra a dengue
148 prefeituras já adotaram a medida em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e Corpo de Bombeiros
Mais da metade dos municípios goianos instalou Gabinetes
contra a Dengue, estratégia criada pelo Governo de Goiás para monitorar
diariamente casos de dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti,
como zika e chikungunya.
Até o momento, 148 prefeituras adotaram a medida em parceria
com a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e Corpo de Bombeiros.
De forma virtual, os Gabinetes possibilitam o planejamento e
detalhamento das operações nos municípios, com ações de vigilância, combate ao
vetor, assistência e regulação, além de acompanhar a execução das medidas
implementadas, que devem ser pautadas todo tempo por inteligência e
comunicação.
Em 2024, até a nona semana epidemiológica, foram notificados
75.683 casos de dengue em Goiás, e confirmados 31.710 casos, um aumento de 176%
em relação ao ano passado. Também foram confirmados 31 óbitos, até o momento,
enquanto no ano passado foram 48.
A criação de Gabinetes de Combate à Dengue faz parte das
ações de plano de contingência contra as arboviroses – doenças como dengue,
zika e chikungunya transmitidas pela fêmea do Aedes aegypti.
“O Gabinete acompanha cada ação de forma estratégica e
coordenada, permitindo a tomada de decisões antecipadas, com o uso de
evidências, concentração de esforços e transparência, protegendo a vida,
reduzindo mortes e complicações evitáveis”, explica o secretário estadual de
Saúde, Rasível Reis.
A diretora administrativa da Macrorregional Centro Oeste,
Sônia Issler, afirma que os Gabinetes são um espaço muito importante para os
municípios concentrarem as decisões e providências necessárias no combate ao
mosquito.
“Em Buriti Alegre, por exemplo, há uma participação maciça
da Secretaria Municipal de Saúde, com apoio do prefeito, e da equipe técnica.
Temos visto a mobilização e, certamente, os resultados virão”, avalia.
Situação de emergência
O Governo de Goiás declarou situação de emergência em saúde
pública, em decreto publicado dia 3 de fevereiro, depois que o estado atingiu,
por quatro semanas epidemiológicas consecutivas, a taxa de incidência de casos
suspeitos de dengue acima do limite definido no Plano de Contingência Estadual
para Arboviroses.
O decreto autoriza medidas necessárias para evitar
internações, casos graves e mortes, como a criação dos gabinetes de crise. A
relação dos municípios que aderiram a medida pode ser conferida neste link. No
site da SES, há ainda informações detalhadas sobre como as prefeituras podem
instalar um Gabinete contra a Dengue.
Vacina
O Ministério da Saúde reforçou a importância da vacinação de
crianças de 10 e 11 anos. Essa faixa etária concentra o maior número de
hospitalizações por dengue. Ela fez um apelo aos pais e responsáveis de
crianças deste público-alvo para que as levem aos postos de vacinação de todas
as regiões do país. “Pais e responsáveis pelas crianças de 10 e 11 anos: a
vacinação para dengue já começou no seu estado. Então, esse público não pode
desperdiçar essa chance. Nós, há 40 anos, lutamos por uma vacina contra a
dengue, aqui no Espírito Santo, e em todo Brasil. Mas quem toma a vacina de
dengue somente está protegido com a segunda dose, que é aplicada depois de três
meses.”
Vacinação nas escolas
A ministra Nísia Trindade adiantou que a vacinação infantil
contra várias doenças, incluindo contra a dengue para o público-alvo, deverá
ocorrer nas redes de ensino a partir da segunda quinzena de março, por meio do
programa Saúde na Escola, em parceria com o Ministério da Educação. “A
vacinação será de todas as vacinas, com a atualização da caderneta de vacinação
das nossas crianças e adolescentes. As escolas também estão com várias ações
para dengue, a comunidade escolar unida, e terá materiais para os professores,
no caso específico de dengue.”
Imunizante nacional
Sobre a disponibilidade de mais doses de vacinas contra a
dengue, a ministra comentou que, diante da limitação de produção do laboratório
japonês fabricante da Qdenga, que a alternativa priorizada para aumento da
oferta do imunizante é a produção nacional. “Recebemos uma oferta pequena,
compramos todo o estoque possível do laboratório produtor. E estamos em um
trabalho para que laboratórios brasileiros, sob a liderança da Fundação Oswaldo
Cruz, possam produzir a vacina no Brasil. Mas isso não é uma solução imediata.”
Diante da situação, a ministra enfatizou que o foco deve ser
combater os focos de mosquito transmissor aliado ao trabalho dos agentes de
saúde dos sistemas estaduais e municipais de saúde para impedir o avanço da
dengue e que vidas sejam perdidas.
A ministra também garantiu que o governo federal já comprou
testes rápidos para diagnóstico precoce da doença, a partir do primeiro dia de
sintomas e ajuda na diferenciação da fase aguda e tardia da dengue.