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Petrobras, Vale e BC: como as constantes interferências de Lula podem afetar a economia

Analistas dizem que fala do presidente aumentam a incerteza para o investimento das companhias, o que pode dificultar um crescimento mais robusto do País nos próximos anos

Um ano após iniciar seu terceiro mandato como presidente,
Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado uma abordagem econômica
contraditória, sinalizando uma possível postura mais intervencionista.
Recentemente, o governo mostrou uma mão mais pesada na governança de duas
grandes empresas nacionais, Petrobras e Vale.

Analistas com experiência em assuntos públicos apontam que
os discursos de Lula estão impondo um custo elevado à economia brasileira,
aumentando a incerteza para os investidores e potencialmente dificultando um
crescimento robusto nos próximos anos.

José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB
Associados e ex-secretário de Política Econômica, destaca: “Há um custo
claro de incerteza e de sinalização de um caminho errado, rejeitado pela
maioria dos agentes econômicos, que impacta negativamente uma de nossas maiores
dificuldades atuais, que é a baixa taxa de investimento”.

Economistas também observam que o presidente está
ressuscitando um discurso antigo que contribuiu para uma recessão entre 2014 e
2016, desperdiçando a oportunidade de capitalizar um momento favorável na
economia brasileira.

Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 2,9%,
superando as expectativas, o Banco Central iniciou um ciclo de redução da taxa
básica de juros (Selic), a inflação permaneceu dentro da meta e o mercado de
trabalho se mostrou robusto. No entanto, o discurso intervencionista de Lula
cria insegurança jurídica e um ambiente desfavorável para investimentos,
argumenta Marcos Mendes, pesquisador associado do Insper e ex-chefe da
Assessoria Especial do Ministério da Fazenda.

Para impulsionar o crescimento sem gerar desequilíbrios, é
essencial aumentar os investimentos. No entanto, a formação bruta de capital
fixo em 2023 recuou, representando apenas 16,5% do PIB, um nível historicamente
baixo em comparação com outras economias emergentes.

Governo dividido entre correntes econômicas

Desde o início do terceiro mandato de Lula, persiste a
dúvida sobre a orientação do governo em relação à política econômica. O governo
se equilibra entre duas correntes: uma pressão política por aumento de gastos
para estimular a economia e a equipe liderada pelo ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, que busca controlar a situação fiscal do país.

Lula e parte de seus ministros têm adotado um discurso mais
intervencionista na economia, criticando a autonomia do Banco Central, a
reforma trabalhista, a privatização da Eletrobras e o patamar da meta de
inflação.

Apesar das polêmicas, a maioria das decisões acabou
favorecendo a linha da Fazenda. O controle das contas públicas proporcionou
previsibilidade para o endividamento do Brasil, a reforma tributária foi
aprovada e a meta de inflação permaneceu em 3% para os próximos anos.

Lula emplaca políticas controversas

Em 2023, o governo implementou políticas controversas, como
o Nova Indústria Brasil, um pacote que destina R$ 300 bilhões em financiamentos
e subsídios ao setor até 2026, além de incentivar o conteúdo local em obras
públicas. No entanto, tais medidas são criticadas como antiquadas e ineficazes.

Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central,
argumenta que tais políticas refletem um modelo ultrapassado, desalinhado com
uma economia capitalista. A tentativa de intervenção excessiva do governo pode
minar o ambiente de negócios.

Haddad intervém para apaziguar tensões

Recentemente, o ministro da Fazenda teve que intervir para
acalmar as tensões em torno da Petrobras. A decisão da empresa de não
distribuir dividendos extras desapontou os investidores e causou perdas
bilionárias em seu valor de mercado.

Em uma entrevista, Lula afirmou que a Petrobras deve
considerar não apenas os acionistas, mas também os brasileiros como
proprietários da empresa. Ele sugeriu que os bancos públicos poderiam reduzir
as taxas de juros para forçar outros atores do mercado a fazer o mesmo.

A equipe econômica, no entanto, defendeu o pagamento de
dividendos. Após uma reunião entre o ministro de Minas e Energia, o presidente
da Petrobras e o presidente Lula, Haddad declarou que a distribuição de
dividendos será avaliada com base em mais informações fornecidas ao conselho da
empresa.

O governo também interveio na Vale, tentando indicar o
ex-ministro Guido Mantega para o cargo de CEO. As falas polêmicas de Lula
geraram controvérsias, levando a Vale a renovar o mandato do CEO Eduardo
Bartolomeo até dezembro.

Os equívocos na política econômica de Lula podem não ter
impacto imediato, mas podem se manifestar em recessões futuras. Elena Landau
adverte que essas falhas levam tempo para se materializar e representam um
perigo para o futuro da economia brasileira.

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