Andrade Gutierrez e Novonor, ex-Odebrecht, vencem licitação de obras de refinaria pivô da Lava Jato
Com os nomes de Consag e Tenenge, as duas empresas ganharam cinco lotes da obra da Refinaria Abreu e Lima; resultado, no entanto, ainda deve passar por avaliação interna antes da homologação
Andrade Gutierrez e Novonor, anteriormente conhecida como Odebrecht, empresas envolvidas em um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, foram as vencedoras de uma licitação para obras de uma refinaria que foi o epicentro da Operação Lava Jato. Sob os nomes de Consag e Tenenge, respectivamente, as duas empresas conquistaram cinco lotes para a complementação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). No entanto, o resultado ainda está sujeito a uma avaliação interna antes da homologação.
Após o escândalo da Lava Jato, que revelou um esquema de corrupção em obras da Petrobras, as duas construtoras enfrentaram uma escassez de grandes projetos. A Odebrecht, por exemplo, estava impedida de participar de licitações da petroleira desde 2018 até o ano passado. Enquanto isso, a Andrade Gutierrez foi liberada em 2017, mas esta é sua primeira obra significativa desde o escândalo.
De acordo com informações apuradas, a Consag, da Andrade Gutierrez, conquistou dois lotes, A e B, avaliados em cerca de R$ 3,7 bilhões. Já a Tenenge, da Novonor, ganhou três lotes (C, D e E), com valores superiores a R$ 5 bilhões. Uma terceira empresa também venceu dois lotes.
A Petrobras ainda pode avaliar se algum lote teve um preço acima do esperado e realizar um novo processo de licitação. Esse procedimento, no entanto, depende de uma análise interna dos valores propostos e da homologação do resultado.
As obras visam a ampliação da Rnest para aumentar a produção de diesel S10, reduzindo as emissões de poluentes. O projeto, aprovado pelo Conselho de Administração no ano passado, tem o objetivo de gerar até 30 mil empregos diretos e indiretos e garantir a autossuficiência do combustível para o país.
Apesar do histórico de corrupção e dos desafios enfrentados pelas construtoras após a Lava Jato, elas foram escolhidas para essa importante obra de infraestrutura, que deve ser concluída até 2028. No entanto, considerando os atrasos frequentes em projetos de grande escala no Brasil, há preocupações quanto à possibilidade de atrasos significativos na conclusão das obras.
A Refinaria Abreu e Lima, localizada em Ipojuca, Pernambuco, foi alvo de corrupção desde o governo Lula até a gestão de Dilma Rousseff. O custo inicial estimado de US$ 2,3 bilhões cresceu para cerca de US$ 18 bilhões, tornando-se um dos principais focos da Operação Lava Jato. A investigação revelou um esquema de corrupção envolvendo as grandes construtoras do país e executivos da estatal.